Crédito de metano: entenda o contexto brasileiro e qual a relação com o transporte!

A busca por alternativas que reduzam a emissão de GEE (gases de efeito estufa) é uma prioridade global na luta contra as mudanças climáticas. Diversos países estão implementando políticas e programas inovadores voltados à sustentabilidade — na tentativa de proteger o futuro do planeta.

Uma dessas inovações é o crédito de metano. Ele tem se mostrado especialmente promissor para setores conhecidos como grandes emissores desse gás poluente, como o da agropecuária e do transporte. 

Quer saber mais sobre o crédito de metano? Entenda, neste post, o contexto brasileiro dessa solução e qual a sua relação com o transporte!

O que é o crédito de metano?

O crédito de metano é uma espécie de moeda verde que representa a redução ou captura de emissões de CH4 — o gás metano. No Brasil, ele surgiu a partir da Portaria MMA (Ministério do Meio Ambiente) nº 71/2022, que regulamenta ações relacionadas à emissão desse tipo de gás.

Semelhante ao crédito de carbono, o crédito de metano pode ser comercializado em mercados regulamentados ou criados para essa finalidade. A característica permite que empresas e Governos compensem suas emissões de GEE investindo em projetos que capturam ou evitam a liberação desse gás na atmosfera. 

Vale dizer que o CH4 é considerado um GEE com poder de retenção de calor maior do que o CO2 (dióxido de carbono). Em 2020, as emissões globais de metano chegaram a 364 milhões de toneladas — o que equivale a 10 bilhões de toneladas de CO2.

Os dados estão presentes no estudo feito, em 2022, pela SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases). No período, a emissão de metano representou 16% das emissões globais de GEE em CO2, sendo responsável por metade do aumento líquido da temperatura global.

O órgão ainda traz uma ilustração completa com o ciclo do metano, sendo pertinente sua visualização para entender todas as fontes que produzem o gás.

Veja:

Qual é o envolvimento do Brasil no crédito de metano?

Sabendo o que é o crédito de metano, pode surgir a dúvida sobre o envolvimento do Brasil nessa matéria. Na verdade, o país é um dos idealizadores da criação de um mercado global de crédito de metano.

A preocupação quanto aos lançamentos de CH4 na atmosfera ganhou força durante a COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), em 2021. Na ocasião, diversas nações assinaram um acordo para reduzir as emissões do gás em 30% até 2030.

Destaca-se que, em 2020, o Brasil era o 5º maior emissor de metano no mundo. Sozinho, o país emitia o equivalente a 5,5% do CH4 do planeta, possuindo participação de 3,3% na emissão de GEE. Conforme o estudo da SEEG, 72% das emissões de metano brasileiras vinham da agropecuária.

Veja:

Diante do cenário desafiador, na COP27, o Brasil assinou um documento propondo o desenvolvimento de um mercado global de créditos de metano. Nele, estavam os detalhes para a redução da emissão do gás e o financiamento do uso de biometano, em um contexto similar ao dos créditos de carbono.

Além disso, o Brasil foi o primeiro país que agiu proativamente após o acordo, com a criação do Programa Metano Zero. A sua proposta é reduzir as emissões nacionais de metano em mais de 30%, para atingir a meta estabelecida na COP26.

Confira mais detalhes sobre o programa!

Programa Metano Zero

O Metano Zero é um programa que estabelece a política nacional para promover o uso de biogás e biometano de maneira sustentável. O foco do trabalho é usar resíduos ou produtos orgânicos como fonte de energia, a exemplo de resíduos urbanos e agrícolas.

Adicionalmente, o programa oferece linhas de crédito para ações, como:

• implantação de biodigestores, sistemas de purificação de biogás e produção de biometano; 
• criação de pontos de abastecimento para veículos movidos a biometano, tecnologias para combustíveis sustentáveis em motores e desenvolvimento de tecnologia veicular;
• desoneração tributária para infraestruturas de biogás e biometano. 

É importante ressaltar o papel do biometano como alternativa sustentável ao seu equivalente fóssil — o gás natural. O biocombustível tem o potencial de reduzir em até 95% as emissões de metano na atmosfera, contribuindo significativamente para a proteção ambiental. 

Em 2022, a produção brasileira da alternativa era de 400 mil m³/dia, operando com menos de 10 usinas. Com o programa, estimava-se que, até 2027, a capacidade de produção chegasse a 2,3 milhões m³/dia, impulsionada pela construção de mais 25 usinas e um investimento próximo a R$ 7 bilhões.

Qual é a relação do crédito de metano com o setor de transportes?

O segmento do transporte representa uma parcela significativa das emissões globais de GEE. A razão é que muitos dos modais de transporte de carga pesada possuem um uso intensivo de combustíveis fósseis — seja diesel, querosene, gasolina ou gás natural.

Nesse contexto, o crédito de metano surge como uma estratégia promissora para mitigar o impacto ambiental do setor. Afinal, as companhias ligadas ao segmento têm a chance de comprar os títulos para compensar a emissão de poluentes de suas atividades.

Os recursos levantados podem ser usados para o desenvolvimento de novas soluções para a redução da emissão de GEE — como o já visto biometano. Outra forma de essas empresas fomentarem o desenvolvimento do setor e contribuírem para a preservação ambiental é a renovação de suas frotas.

A implementação do biometano como combustível no transporte de cargas permite reduzir a emissão de CH4 na atmosfera. Essa mudança tem o potencial de melhorar a qualidade do ar, especialmente em centros urbanos, em que a poluição atmosférica é uma preocupação crescente.

Ademais, o uso desse tipo de combustível sustentável pode estimular o setor agrícola e de resíduos — fontes primárias para a produção de biogás. Assim, é possível criar um ciclo virtuoso de sustentabilidade e eficiência energética.

Neste post, você viu o que é o crédito de metano, o papel do Brasil no desenvolvimento desse mercado e a sua relação com o transporte. Utilize o conhecimento para adequar o seu negócio aos objetivos globais de desenvolvimento sustentável, incentivando a criação de um futuro verde e próspero.

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